segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

CURIOSIDADE: Santa Maria Adelaide [ V. N. Gaia ]


Destes cultos não reconhecidos pela Igreja, a Santa Maria Adelaide, em Arcozelo, é um dos mais conhecidos, talvez o maior de Portugal. À frente está a Junta de Freguesia de Arcozelo.


D. Maria Adelaide de Sam José e Sousa nasceu na cidade do Porto no ano de 1835. Foi para o convento Corpus Christi de Vila Nova de Gaia onde adoeceu. Mudou-se para o largo do Moinho de Vento, no Porto. Mas piorou e o médico aconselhou-a a ir para uma zona marítima com pinheiros e eucaliptos. Arcozelo foi o lugar mais propício. Chegou em Maio de 1876. Melhorou. Fazia renda e pastéis. Com essas rendas que vendia, mais com os pastéis, auxiliava muita gente pobre de Arcozelo. Gostava de crianças, dava-lhes diariamente pão, doces, roupas, catequizava-as. Estava sempre pronta a reconciliar lares desavindos. Mas o mal que a havia levado para ali agravou-se devido a uma forte constipação. Morreu a quatro de Setembro de 1885.
A 23 de Fevereiro de 1916 o caixão foi retirado, pois a campa tinha sido vendida. Abriram-no.«Encontraram o corpo de uma senhora completamente intacto, como intactas estavam as roupas que o cobriam e exalava um acentuado aroma a rosas». O corpo foi «coberto com carboneto em pedra e regado com ácido nítrico ou água-forte» e foi sepultado na vala comum, próximo da casa das ossadas.
No dia 27, Maria Adelaide de Sam José e Sousa foi retirada. O seu corpo continuava incorrupto. O local foi evacuado. A santa foi lavada e «dentro de uma capela vestiram-lhe roupas novas e colocaram-na numa urna». Foi exposta e de forma ordenada todos viram os seus restos mortais. «Deitaram-lhe cal em pó, a urna foi fechada [...] Tinham decorrido cinco anos quando foi feita a transladação para a nova capela. A urna foi novamente aberta e o corpo, um tanto queimado pelos produtos que lhe juntaram, continuava incorrupto e a exalar um acentuado aroma de rosas.

Depois de vários atentados e roubos, em 25 de Maio de 1983 um homem entrou levando na mão um ramo de flores «e uma saca. Só junto ao túmulo tirou da saca uma marreta com a qual tentou desfazer a santinha».

Hoje, com aspecto disforme, numa capela riquíssima, a Santa Maria Adelaide está exposta. Num túmulo de mármore, tapado com vidro. Tudo é luxuoso. Atrás, um altar com imagens de santos. Ao lado da capela a casa dos milagres. Aqui vende-se cera, cruzes com Cristo, porta-chaves, terços, postais. Por cima, o museu onde se expõem alguns dos objectos oferecidos à santa pelas graças concedidas: mais de 600 vestidos de noiva, vestidos de baptizados, comunhão, moedas e notas de mais de 25 países, peças de artesanato, cerâmicas, colares, anéis, cordões, velas, cera, próteses, cabelos cortados, relógios, camisolas de jogadores de futebol, um mundo de fotografias com a descrição de milagres e agradecimentos. Enfim, há de tudo.

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